Clínica é suspeita de cárcere e tortura contra internos em Ribeirão Preto

O dono de uma clínica para dependentes químicos foi preso em flagrante acusado de cárcere privado nesta terça-feira (4), no Recreio das Acácias, em Ribeirão Preto (SP). A denúncia foi feita pelo setor de inteligência da Polícia Civil, que investigará também crime de tortura contra os internos.

O delegado responsável pelo caso, José Luis de Meireles Junior, contou que foi ao local averiguar a denúncia e encontrou cinco internos, entre eles um menor, trancados em um quarto, cuja janela tinha grades. Eles seriam internos involuntários – que não aceitam o tratamento – e estariam presos por motivos como tentativa de fuga da clínica ou fumar cigarros a mais que o permitido. “Apesar de estarem tranquilos, pairava um medo no ar, possivelmente por já terem sofrido violência física”, afirma o delegado.

Ainda de acordo com ele, a equipe ouviu o depoimento de todos os internos e de um dos monitores do local. “A revolta entre eles era grande e o próprio monitor disse que não internaria um filho ali”, diz Meireles Junior. O proprietário foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória de Ribeirão e a polícia dará continuidade às investigações. Todos os internos passarão por exame de corpo de delito.





Sobre o funcionamento da clínica, o delegado afirma não ser de sua competência realizar o fechamento, mas que após a instauração do inquérito policial, o Ministério Público tomaria conhecimento do caso.

Revolta
Durante a visita da reportagem, um dos internos, de 22 anos, que preferiu não ser identificado, arrumou as malas e deixou a clínica, confirmando as agressões. “Ele me obrigava a trabalhar na cozinha e se não trabalhasse eu apanhava, fui agredido por cinta e amarrado em uma maca.” Ele estava internado há um mês e saiu sem que fosse impedido por nenhum funcionário.

Defesa
O advogado da clínica, Daniel Rondi, defende o método da internação, afirma que todas as ações são decididas por médicos, informadas ao Ministério Público e que a situação relatada pela polícia é uma “interpretação do delegado”.

Quanto à violência, ele afirma que os internos não têm consciência apurada para dar  depoimentos absolutamente verdadeiros e que a revolta pode ser entendida como um desabafo. “O tratamento realizado não tem caráter punitivo, mas sim terapêutico e não há no local ninguém machucado, isso ficará provado com os exames realizados”, garante Rondi.

O gerente comercial Nelson Osório Junior, que é pai de um dos internos da clínica, também defende os métodos utilizados no local. Ele explica que o filho, de 21 anos, viciado em cocaína, já precisou ser trancado no quarto, o procedimento foi informado pelo proprietário. “Ele precisava ser trancado e eu concordei plenamente”, confirma o pai.

Fonte: G1





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  1. 5 de setembro de 2012

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